Autoditada, Nadim começou escrevendo
 
Autodidata, Jorge Iossef Nadim aprimorou a fina arte de escrever à mão lendo livros de Antônio De Franco, um dos pioneiros no ensino da caligrafia no Brasil. Ele lembra dos antigos cadernos de caligrafia que usou na escola, como aluno, mas prefere os cadernos comuns que, segundo ele, dão mais liberdade para a escrita.

No começo, Nadim escrevia cartazes para os bailes de Agudos, onde ele morava. “Eu fazia de 20 a 30 cartolinas com propaganda dos bailes e distribuía na cidade”, lembra. Ele era chamado também para fazer anúncios de lojas. Nadim se casou em Agudos, onde também morava sua mulher, Irene, e foi morar em Lucélia, na região de Presidente Prudente. Lá ficaram 19 anos. Durante esse tempo, tanto ele quanto a esposa fizeram o curso de educação artística com especialização em desenho geométrico, em uma faculdade de Presidente Prudente.

A habilidade com a caligrafia artística o ajudou muito nesse período. Todo o curso foi pago com o dinheiro que ele ganhou prestando serviço para a própria faculdade. Era ele quem preenchia todos os diplomas da faculdade. “Paguei a minha faculdade e a dela (da esposa) e ainda sobrava dinheiro para ir à praia no fim do ano”, comenta Nadim.

Em 1979, o casal mudou-se para Bauru, onde está até hoje. Nadim foi professor durante 31 anos, sete dos quais trabalhou com diretor na escola Guedes de Azevedo.

Apesar da ameaça que o computador representa à caligrafia artística, Nadim acredita que ela ainda terá vida longa. Segundo ele, tem muita gente interessada em aprender a arte da escrita para fins estéticos. Ele conta que em sua carreira de calígrafo, ensinou muitas pessoas, mas apenas 12 teriam levado o ensino a sério. “Se elas continuarem o trabalho, a profissão vai durar por um bom tempo ainda”, prevê.

Segundo Nadim, muitos aprendem caligrafia, mas poucos se tornam calígrafos. “Eles preferem profissões que dão mais dinheiro.” Cada envelope preenchido hoje por Nadim custa R$ 1,00. Ou seja, se ele faz em média 600 envelopes, ele recebe R$ 600,00 por mês com o trabalho. “É uma renda pequena comparada com o trabalho que dá”, diz. Isso levando em consideração que se trata de um profissional conceituado e com uma clientela formada. Para quem está começando a dificuldade é maior.

“Esse é o tipo de coisa que eu faço por ideal, porque financeiramente não compensa.” A recomendação, segundo Nadim, é fazer da caligrafia um bico, uma complementação da renda. É o que faz Nadim e continuará fazendo enquanto puder. “A mão continua firme, mas a vista está ficando cansada. Vou continuar até onde der.”

Fonte: Jornal da Cidade - Bauru
Editor: Adilson Camargo
 
 
 
Jorge Calígrafo - 01/05/2007 - Todos Direitos Reservados
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